Escrevo este artigo em vésperas de Carnaval e início da Quaresma e ainda na ressaca da triste realidade mundial. Ainda hoje fui tomar café com um novo amigo, um jovem interessante, 20 e tal anos mais novo que eu e obviamente numa outra etapa da vida, um pouco distante da minha.

Grande parte da nossa conversa foi sobre a “obrigatoriedade” de mudar para poder ser aquilo que os outros querem que sejamos e sobre a pertinência desse tipo de raciocínio. Ele está numa fase de procura de si mesmo, de superação de traumas antigos (afinal este tema nada tem a ver com a idade e sim com a maturidade emocional de cada um de nós) e a querer encontrar a mãe dos seus filhos.

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Dizia algumas vezes que “as mulheres querem um homem que ….” e com isso ia reforçando uma visão que é dele sobre aquilo que “as mulheres” querem. Falava numa espécie inquérito que ele tinha feito e que percebia que “estatisticamente” aquela visão que ele construiu daquilo que as mulheres querem era matemática e racionalmente provável e palpável. Pois, podem estar a ler estas linhas e a dizer: “bom, ele é imaturo!” Para mim é uma pessoa à descoberta de si mesma e que quer ser capaz de dar o melhor de si.

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Uma coisa bastante positiva da maturidade emocional é sermos capazes de aceitar que a cada momento damos o melhor de nós mesmo e da forma como somos capazes. Assumo que queremos dar o melhor de nós, mas que muitas vezes esta “voz amiga” que temos dentro de nós tenta nos convencer exatamente do contrário (para os que não perceberam a ironia, refiro-me ao nosso autojulgamento e à autocrítica).

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Lucy, 29 kilos mais magra aos 62 anos… 

Utilizando uma expressão bem deste lado do atlântico – isto é tramado, lixado mesmo. Nada fácil lidar com ele “amigo” interno que teima em apontar todos os 10 dedos contra nós e mostrar o que fizemos mal e deveríamos ter feito bem. Felizmente para os que têm melhor autoestima, já são menos os dedos que o “amigo” nos mostra.

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Atleta maratonista aos 82 anos…

 Mas aquilo que gostava mesmo que retivessem tem a ver com o dar o melhor de nós mesmos. Parece-me fundamental para que possamos dormir bem e perceber que a vida tem sentido, mesmo em tempos muito conturbados. Aqui está, uma vez mais, algo que eu assumo que com a maturidade seja mais fácil de fazer.

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Esta capacidade de ser mais brando conosco mesmos, de perceber que não somos perfeitos, que cometemos erros, é algo que vem com a maturidade. Pelo menos é nisso que eu acredito. E se tivermos, me conta que iremos viver cada vez mais tempo, parece-me que é fundamental para os que já entraram na fase adulta, mas mais do que isso, parece-me ser um grande legado que podemos deixar às gerações mais novas: perceberem que faz sentido sermos um pouco críticos em relação ao que fazemos e à forma como somos, mas nem tanto a ponto de ficarmos deprimidos.

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Existem coisas que não controlamos. Não controlamos o sol e a chuva, a paz e a guerra, a vida e a morte e mais uma série de coisas. Controlamos mesmo muito pouco e por isso tenho vindo a aprender que viver obcecado com o controlar as coisas é mais um sinal de medo que de perfeição.

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Como não controlamos nem o hoje nem o amanhã, é essencial que estejamos o mais comprometidos possível em dar, a todo o momento e em todas as ocasiões, o melhor de nós mesmos. Isso dá-nos uma paz e um sentido de vida que me parece essencial para sermos felizes e realizados no máximo de áreas das nossas vidas, possível.

Colunista:

Ana João Sepulveda
Expert em Economia da Longevidade e em Envelhecimento Sustentado
Presidente da Associação Age Friendly Portugal e Embaixadora da rede Aging 2.0

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