Essa 53ª Edição da Semana de Moda de São Paulo mais uma vez dá voz às diferenças e riqueza cultural oriundas de todas as partes de nosso país continental. Há algum tempo a passarela da SPFW traz um forte viés ancestral ao lado de uma visão futurista a prospectar um mundo mais sustentável e inclusivo.

Se tivesse que fazer uma resenha para SPFW 53, como editora da No More, certamente começaria dizendo que aí tem uma grande reflexão.

 “De onde viemos, onde estamos e para onde vamos.”

SPFW 53 – Thear. Foto: Fabrício Cardoso

O resgate é importante porque nos remete as raízes, base na construção de nossa identidade. Vimos à valorização do “feito à mão”, referências afro brasileiras, indígenas, fuxico e crochê dividindo a cena com alfaiataria.

SPFW 53 – Modem SPFW 53 – Misci. Foto: Zé Takahashi

 

SPFW 53 – Glória Coelho. Foto: Bruna Lucena

Nesse tempo em que qualquer tipo de descarte é repensado, a prática upcycling (reutilização) assim como o emprego de tecidos ecológicos também é cada vez mais presente. O futurismo de agora propõe formas geométricas, amplas e sem gênero para o cenário urbano.

 

Engajamento fashion

SPFW 53 – Led Foto: Marcelo Soubhia / @agfotosite SPFW 53 – Isaac Silva. Foto: Marcelo Soubhia / @agfotosite

Desfiles assim para mostrar tendências são conceituais e podem trazer mensagens subliminares. Comportamento, inclusão, igualdade social e de gêneros, sustentabilidade, respeito são os temas que a moda vê urgência em abordar e debater. Em pouquíssimos minutos em uma passarela a marca pode posicionar-se e o universo fashion passa a ser mais engajado.

 

SPFW 53- Meninos Rei: Foto: Victor Arquezar.

Porém, algumas marcas não conseguem imprimir com clareza a sua mensagem e não se fazem entender, outras têm sucesso em comunicar o querem dizer, mas, de qualquer forma é impossível agradar a todos. Quem acompanha há muitos anos o “vai e vem” das passarelas também tem lá suas dúvidas em relação ao que lhe é apresentado. Isso é Moda? Esse também é um questionamento constante para todos nós, editores e jornalistas que reportamos o que acontece nas passarelas. E respondendo a pergunta: Sim! Isto é Moda! Afinal, cada um tem sua competência analítica e uma forma de ler nas entrelinhas. Elencamos aqui nesta matéria registros de algumas coleções que gostamos.

SPFW 53 – A La garconne. Fotos: Zé Takahashi

O que pode se observar é uma inclusão significativa nos castings, além da revelação de talentos e novas marcas, o que é extremamente positivo. Mas, tudo isso não isenta o estilista de seu compromisso como criador de apresentar a boa costura, o bom trabalho artesanal, peças de valor cultural, criativo ou até mesmo material, afinal o luxo é o ápice desse mercado.  Por tratar-se de uma das semanas de moda mais importantes do planeta, confesso que senti um pouco de falta desses atributos em alguns desfiles.

SPFW 53 – Lino Villaventura. Foto: Marcelo Soubhia / @agfotosite

Hoje, tudo está desmistificado e acessível. No site SPFW você pode assistir a todos os desfiles, ler as resenhas de cada um deles e assim formar sua opinião. A revolução está na democratização da moda!

Jussara Medrado – Editora

Fonte:
www.spfw.com.br