“A necessidade básica do coração humano durante uma grande crise é uma boa xícara de café quente” – Alexander King
Cafés Especiais
Os cafés especiais existem há muito tempo. Nós tendemos a pensar no café especial como uma nova tendência, mas no início de 1900, clientes exigentes como o Hotel DuCrillon em Paris especificavam que seu café deveria ser comprado de micro lotes selecionados em fazendas específicas em certas regiões da Guatemala.
A maioria dos países produtores de café comercial também produz uma pequena quantidade de café especial, com algumas exceções.
Países como Etiópia, Quênia e Colômbia são sinônimos de cafés especiais; no entanto, muitos países menos conhecidos estão se esforçando para produzir alguns dos melhores cafés do mundo. Por exemplo, nos últimos anos, o Panamá ganhou fama por meio de agricultores altamente qualificados, foco no aumento da biodiversidade e uma série de microclimas diversos, graças ao seu pequeno tamanho e aos efeitos de dois oceanos ao redor.Fonte: The SpecialtyCoffee Co
Os cafés especiais foram criados para atender a todos os públicos e gostos. Garantem o aroma e sabor únicos. São eles:
Gourmet: Produzido a partir de 100% café-arábica, com uma variedade do grãode alta qualidade e éo mais utilizado no mundo. Tem como características aroma intenso e sabor suave.
Orgânico: Produto livre de agrotóxicos, fertilizado com palha de café e resíduos bovinos e suínos. Focado na utilização de recursos naturais com responsabilidade. Sendo cultivado em fazendas certificadas e monitoradas.
Descafeinado: Essa opção entrega um produto livre de Cafeína mantendo aroma e sabor característicos da bebida.Fonte: G1 Globo/ Cerrado Mineiro
Normalmente, o café especial é cultivado em altitudes elevadas, com muito cuidado e atenção do agricultor. A partir daí, é vendido com prêmio aos comerciantes de café ou direto aos torrefadores.
Mercado Global
O mercado global de café orgânico foi estimado em US$ 7.604,3 milhões em 2020.A produção global de café no ano-safra 2020/21 (outubro-setembro) totalizou 169,644 milhões de sacas de 60 quilos, alta de 0,4% na comparação com 2019/20 (168,980 milhões de sacas).
A produção do Arábica atingiu 99,280 milhões de sacas em 2020/21 (+2,3%). Por outro lado, a safra de robusta caiu 2,1%, totalizando 70,365 milhões de sacas, dados da Organização Internacional do Café (IOC).
Os principais países produtores de café orgânico certificados são México, Peru, Guatemala, Costa Rica, Nicarágua, El Salvador, Brasil e Colômbia. A produção mexicana foi a primeira a ter a certificação orgânica.
O café orgânico também está presente na Ásia, sendo o seu maior representante a Indonésia. Além desse, o continente asiático conta com a produção do Vietnã, Timor Leste e Nova Guiné. Na África, o café orgânico é produzido no Camarões, na Etiópia, no Quênia, Madagascar, Tanzânia e Uganda.
Os principais mercados de café orgânico são os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão. Pesquisas confirmam que os consumidores dos países desenvolvidos estão dispostos a pagar entre 15% e 20% a mais pela bebida orgânica.
O mercado global de café orgânico é segmentado por tipo de torra (claro, médio e escuro); por Origem (Arábica e Robusta); por Canal de Distribuição (Supermercados e Hipermercados, Varejistas Independentes, Lojas de Conveniência, Lojas Especializadas e Outros) e por Geografia. Fonte: MordorIntelligence. Pesquisa e Consultoria/India.
Exportações Globais
As exportações globais de grãos verdes totalizaram 9,86 milhões de sacas de 60 kg em abril de 2022, em comparação com 10,16 milhões em abril de 2021.
Nos sete primeiros meses do ano cafeeiro de 2021/22 as exportações alcançaram 69,67 milhões de sacas, 0,9% abaixo do volume de 70,28 milhões exportado no mesmo período do ano cafeeiro de 2020/21.
No período de outubro de 2021 a abril de 2022 as exportações da América do Sul diminuíram 12,7%, caindo para 33,8 milhões de sacas.
As exportações da Ásia & Oceania aumentaram 20,9%, para 3,96 milhões de sacas em abril de 2022; e 9,0%, para 28,06 milhões nos sete primeiros meses do ano cafeeiro de 2021/22.
As exportações da África diminuíram 10,1%, caindo para 1,08 milhão de sacas em abril de 2022, de 1,2 milhão em fevereiro de 2021.
Em abril de 2022 as exportações do México & América Central aumentaram 0,8%, para 2,1 milhões de sacas, de 2,06 milhões em abril de 2021.
O total das exportações de café solúvel diminuiu 2,1% em abril de 2022, para 0,99 milhão de sacas, de 1,01 milhão em abril de 2021. Fonte: Relatório da Organização Internacional do Café (OIC)/ maio 22.
Mercado Brasileiro
No Brasil, as principais regiões produtoras de café orgânico são o Espírito Santo, o sul de Minas e o interior de São Paulo, além dos Estados da Bahia, do Ceará e Paraná.
O café arábica corresponde a cerca de 80% do montante produzido, sendo que Minas Gerais é o maior estado produtor, responsável por cerca de 50% da produção de todo café brasileiro. O Espírito Santo se destaca pela produção de conilon/robusta, sendo o principal produtor deste tipo de café no país.
A saca do café orgânico geralmente custa o dobro da saca do café tradicional. Sendo assim, mesmo com o mercado pequeno, com custos de produção em torno de 20% a 30% superior ao convencional, a produção orgânica de café é lucrativa e sustentável.
Consumidor
Crédito: Tyler NixO café vem dos cantos mais fascinantes do planeta, e cada grão é especial e conta uma história.-The SpecialtyCoffee Co
Pesquisa realizada pelo Sebrae,com amostragem de 366 profissionais da cadeia produtiva de cafés especiais, de 22 unidades da federação, no período entre outubro e dezembro de 2020 revela que 52% dos profissionais da cadeia produtiva do café especial no Brasil estão há no máximo cinco anos nesse ramo.
De acordo com o estudo dos profissionais ligados à cadeia de cafés especiais, este mercado tem ficado cada vez mais com o perfil de empreendedores jovens e com uma participação maior das mulheres à frente desses negócios.
Os empresários do segmento reconhecem a mudança de comportamento do consumidor e têm se preocupado mais com a origem e como o produto é produzido.
Entre os produtores rurais que trabalham com cafés especiais, esse tipo de produto já representa em média 44% da produção total. Os donos de torrefação, assim como os proprietários de cafeterias levam mais em consideração o perfil sensorial, a pontuação do café e a origem do produto do que o preço que irão pagar.
O novo perfil desse consumidor mais seletivo, acaba se refletindo no aumento da produção de produtos orgânicos e com selo de Identificação Geográfica (IG).
O Brasil é um dos maiores produtores de café, conta com uma diversidade de clima, região, altitudes diversas, entre outros aspectos, gerando condições únicas para o plantio dos cafés especiais, a expansão do mercado e o seu sucesso.
Colunista Beatriz Negrão
Carreira desenvolvida na área de Comunicação, atuando em empresas no Brasil e no exterior. Publicitária, Jornalista, Pós-Graduada em Marketing pela ESPM com experiência em gestão de clientes e projetos. Como jornalista, escreveu matérias em diversas revistas do setor e proferiu palestras viajando pelo País, abordando o tema Agribussiness.
Certificados: Certificado Ministério Del Lavoro Italiano e internacional de Siena/ Itália.
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