Esta semana estive no sul de Portugal, numa conferência, a falar sobre longevidade e envelhecimento. Estava no mesmo painel que eu, um expert em ciência comportamental que ia falar sobre as competências do futuro, aquelas qualidades (ou predicados) que todos devemos procurar desenvolver para continuarmos a estar aptos para o mercado de trabalho.
Curioso que muitas delas são características próprias de uma pessoa madura. Nunca tinha reparado nessa “coincidência”, de vivermos num mundo cada vez mais marcado pelas pessoas maduras, e as competências que tendem a ser mais valorizadas, a par das competências técnicas e específicas de cada profissão, estão relacionadas com as pessoas maduras. Afinal demografia e desenvolvimento econômico caminham mais juntos do que esperávamos.
Mais do que dividir o painel com este senhor, nós fomos juntos para a conferência, o que nos deu muito tempo para falarmos. Conversamos sobre várias coisas e um dos temas teve mesmo a ver com a flexibilidade, enquanto característica pessoal, ou soft skill como lhe chamam.
Hoje, enquanto preparava a redação deste artigo, andava pelas redes sociais à procura de inspiração e deparei-me que a flexibilidade é um tema, seja ela flexibilidade física ou mental.
Os temos disruptivos que vivemos, onde muito do que achávamos que era história, volta para moldar a história deste século, leva ao facto que uma das características mais valorizadas seja a capacidade de deixar cair algumas coisas e agarrar outras, passa por ser-se uma pessoa flexível.
Principalmente no pós-covid (entre 2020 e 2021) as pessoas começaram a sentir falta desta flexibilidade, por perceberem que aqueles que mostram mais difíceis de transformar, são os que mais tarde se irão tornar pessoas mais velas rígidas e infelizes.
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A flexibilidade é estratégica para lidar com as incertezas de um mundo mais volátil e insegura e pouco “predizível”, mas também com a longevidade. Saber gerar a flexibilidade ao logo da vida tem-se mostrado um bem, quando se pretende envelhecer e ter uma vida o mais longa possível. Faz bem à mente e ao corpo.
Quando ficámos presos em casa, acredito que os mais vividos sentiram o corpo a começar a ficar mais rígido. Ora, sabendo que corpo e mente estão ligados, quase poderia dizer que a um corpo rígido tende a corresponder uma mente mais inflexível, o que tem muito pouco de positivo.
Mesmo o mundo da atividade física valoriza cada vez mais a flexibilidade como um sinal de boa saúde e de felicidade. Eu concordo plenamente. Um corpo flexível tende a ser a casa de uma mente flexível e isto leva a uma maior capacidade de adaptação à volatilidade dos tempos.
Por isso, aproveitem os tempos de primavera para renascerem e invistam na flexibilidade, de corpo e alma.
Colunista:
Ana João Sepulveda
Expert em Economia da Longevidade e em Envelhecimento Sustentado
Presidente da Associação Age Friendly Portugal e Embaixadora da rede Aging 2.0
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