Lembro-me de já ter partilhado convosco que tenho vindo a trabalhar com uma terapeuta de Emotional Freendom Technique (EFT para os íntimos) nos últimos tempos e o que quero partilhar convosco este mês tem a ver com uma recente descoberta que fiz, nesta desafiante jornada do “conhece-te a ti mesmo muito mais do que possas pensar”.

Estivemos a trabalhar a minha relação com o sexo oposto e percebi que até hoje vivia com uma noção de amor a que chamei de “amor funcional”.

Amor funcional é aquele tipo de amor que só faz sentido se nós vivermos esse amor para resolver algum “problema” da pessoa que é o destinatário desse amor, seja ele de que tipo for: romântico, de amigos, o que for.

Percebi que aquilo que mais me move para “amar” é perceber que há algo na outra pessoa, algo fora do sítio, alguma peça que falta que eu possa arranjar e daí chamar a este tipo de amor – amor funcional.

Foi uma descoberta que fiz durante a sessão de EFT mas que já me andava a rondar. Algumas conversas recentes com as minhas amigas fizeram-me perceber que elas “reclamavam” de eu não ser capaz de ter uma conversa sem destino, sem ser para resolver alguma coisa.

Estão a ver aquela conversa de amigas que é só deitar conversa fora, sem um grande tema, sem um propósito que não outro senão conversar. Pois, esse tipo de conversas são um pouco desafiantes para mim. Ou eram!!

É bom poder amar de forma funcional, quando faz sentido. Agora, ser esse o modo de amar por defeito, isso sim pode mesmo ser um problema. É que esse tipo de amor faz de nós pessoas muito mais racionais e prepotentes, porque achamos sempre que cabe-nos curar o outro, dar-lhe o que está a faltar.

Depois de pensar sobre o assunto cheguei à conclusão que esse amor funcional também pode ser chamado de amor medroso, aquele tipo de amor de quem tem medo de se dar integralmente ao outro, de amar de verdade e em liberdade.

O amor funcional é uma chatice, faz-nos pessoas chatas, pouco espontâneas e no meu caso percebi que não sabia amar por amar. Quando falam de amor sem querer algo em troca mas também sem ter de dar algo ao outro que não seja o amor que vai no coração.

Lembro-me de um dia ir almoçar com uma amiga e estarmos a falar sobre a hipótese de me casar com o meu ex namorado, falámos sobre um longo período e depois de me ouvir falar sobre a nossa relação de casal ela disse: “vocês não estão preparados para se casarem”. Aquilo caiu que nem uma bomba. Como assim, não estamos preparados para casar?

Pois, a verdade é que ela tinha toda a razão. Não estávamos mesmo, pelo menos eu não estava. Eu não sabia amar, não que hoje saiba, mas claramente hoje sei amar de uma forma mais livre do que sabia naquela altura.

Ano passado, durante uma confissão, o padre, depois de me ouvir falar da minha relação com Deus e daquilo que eu lhe queria pedir perdão, disse de uma forma quase categórica: sabes qual o teu problema? Não te abriste ao Amor de Deus! E sorriu.

Uma vez mais, como assim? Claro que me abri. Eu amo a Deus e sei que Ele me ama. Pois, não. O padre tinha razão. Hoje, passado um ano, percebi claramente que não me tinha aberto ao Seu Amor.

Achava que tinha de responder às Suas expectativas, como se eu soubesse. Achava que tinha de estar à altura de merecer o Seu Amor, mas este Deus em que creio, não é um Deus de mérito. Aliás, é famoso por ir buscar os pequeninos, os pastores e outros semelhantes e capacitá-los para a tarefa que tem para eles.

Ou seja, percebi que sou extremamente “racional”, lógica, no que diz respeito ao amor e por isso chamo a este amor, amor de medo, porque tudo isto nada mais é do que medo de amar.

É isso mesmo, o medo de amar fez de mim uma amante funcional. Até ao dia de hoje, porque se há coisa que me estou a trabalhar é a deixar essa roupa de medo e avançar para que o amor que estava preso em mim saia, purinho como água acabada de sair da fonte.

Esta nova forma de amar é muito mais leve, mas mais exigente porque nos obriga a estarmos atentos a nós mesmos, para vermos se estamos mesmo a amar porque sim ou se estamos a amar com medo, por medo, com este falso sentido de altruísmo de quem quer salvar o outro ou o mundo.

E este amor aplica-se primeiro a nós mesmos, ou mesmas. Porque se há coisa que pode ser mesmo exigente é aprendermos a nos amarmos como somos, porque se afinal Deus nos ama como somos, quem somos nós para fazermos diferente. Pelo menos este Deus que eu amo, ama-me assim. É bom, não é?

Colunista:

Ana João Sepulveda
Expert em Economia da Longevidade e em Envelhecimento Sustentado
Presidente da Associação Age Friendly Portugal e Embaixadora da rede Aging 2.0

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