Mês passado partilhei convosco uma visão de futuro que me faz bastante sentido. Este mês gostava de continuar na mesma linha, mas também partilhar um facto que marcou a realidade do mês de agosto de quem vive em Lisboa. Isto porque tivemos a felicidade de viver as Jornadas Mundiais da Juventude, com a maciça presença de quase um milhão de peregrinos mais e menos jovens católicos, de centenas de sacerdotes e religiosos e do Papa Francisco.
@lisboa2023_pt
Sem entrar em aspectos que são próprios da vivência cristã e católica, esta vivência levou-me a refletir sobre o que me parece relevante e que gostava de partilhar convosco e que tem a ver com a construção, hoje, de uma sociedade e de um futuro que queremos viver.
@lisboa2023_pt
Uma das características que marcou esta presença de jovens católicos em Lisboa, e que segundo soube tem acontecido em outras Jornadas Mundiais da Juventude, foi a forma como este milhar de pessoas se comportaram.
@lisboa2023_pt
Pequenos incidentes à parte, não houve registro de arruaça, de vandalismo, de conflitos com pessoas de outras crenças, etnias e com outros valores éticos e morais. Foi sem dúvida uma mostra de um lado bom da humanidade, onde novos e velhos se encontraram.
Tenho tido a oportunidade de falar e escrever sobre o idadismo, que é a discriminação em relação à idade, e é exatamente aqui que quero focar esta minha crónica. O que vi, num evento desenhado para um milhão de jovens, foi a presença de pessoas com mais de 60 anos, perfeitamente integradas, que fizeram parte deste movimento e que partilharam a sua visão e sentimentos.
@lisboa2023_pt
Quando reflito sobre o impacto da longevidade no mundo, mas principalmente na vertente económica dou por mim, muitas vezes, a pensar nos aspectos menos positivos, menos em linha com os meus valores éticos e a criação de um mundo onde eu não gostava de viver.
Ao ter um olhar relativamente distanciado da JMJ vejo que é possível mobilizar as pessoas, envolvê-las em algo que tem o potencial de mudar a realidade. Não era esse o objetivo da JMJ mas pode ser o de um outro qualquer evento ou movimento que junte todos em prol de uma longevidade que seja integrativa, positiva, acessível, internacional e que seja, efetivamente, para todos.
Pinterest.
Lia um artigo da Stanford University sobre como potenciar ao máximo o impacto social daquilo que fazemos para que sejamos efetivamente construtores do futuro de uma sociedade onde queremos viver. Foi aí que fui buscar o mote para esta crónica porque o que sinto é mesmo isto: tudo o que fazemos, mesmo o que não fazemos, conta para a contínua construção de uma sociedade. A questão que habitualmente não nos colocamos tem a ver com o impacto das nossas ações, da forma como estamos no mundo.
Todos os dias estamos a criar o amanhã. Se falo habitualmente na criação de uma vida onde eu me sinta feliz, onde a longevidade positiva é um objetivo, este mês quero alargar esta reflexão ao todo.
@helenmirren_ourlove
Uma das experiências que vivi na JMJ foi a de poder refletir sobre a vida de alguns santos e cheguei a uma conclusão: foram todos bem-sucedidos, fizeram grandes obras e deixaram um grande legado, dentro daquilo que era o seu contexto de vida e a missão que sentiram ser a das suas vidas.
Ao centro: Pier Giorgio Frassati. Pinterest
Tiveram um impacto que chega até aos nossos dias e um deles me tocou em particular por aquilo que desejava para si, quando era vivo: Pier Giorgio Frassati. Ele orava pedindo a Deus que lhe desse a coragem para atingir os mais altos objetivos, combater a tentação da mediocridade e não ter medo de falhar.
Àngela Molina para Zara. Pinterest.
Para mim é este o caminho: termos a consciência que o que fazemos impacta não só a nossa vida, mas de alguma forma marca a sociedade do futuro. Então, se quero construir hoje o meu futuro devo querer ser ambiciosa, sonhar alto e trabalhar para atingir os mais altos objetivos, com os outros e sem medo de falhar. Mas sim alinhada com os meus valores e ética.
@silviarumoaos 60
Afinal, ser insonso e medíocre é contribuir de forma menos positiva para um Mundo para todos. Já que vamos viver mais tempo, que sejamos luz na medida do que somos capazes e daquilo a que somos chamados, porque viver é bom, mas viver bem é muito melhor.
Colunista:
Ana João Sepulveda
Expert em Economia da Longevidade e em Envelhecimento Sustentado
Presidente da Associação Age Friendly Portugal e Embaixadora da rede Aging 2.0
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