Como diz o título da coluna: Se você romantiza a maternidade, apenas pare!
Isso mesmo, não romantize uma coisa que é um fardo na sua vida.
Mas Juliana, por que você fala isso?
A sociedade machista e patriarcal impôs às mulheres que todas nós devemos abdicar de nossas vidas e nossos sonhos para sermos mães.
Eu não entendia isso até me tornar mãe.
O ‘boom’ de bebês da pandemia passou aqui em casa também. Eu e meu marido, que somos casados há quase dois anos, engravidamos no meio da pandemia do Covid-19. Não esperávamos, principalmente porque eu já fiz incontáveis exames e todos deram o diagnóstico de que não poderia engravidar, pois tenho endometriose, adenomiose, mioma e ovário policístico, ou seja, sem chance nenhuma de ser mãe.
Confesso que nunca tive o sonho da maternidade. Meu sonho sempre foi viajar o mundo, conhecer a gastronomia por aí afora e trabalhar do lugar que eu tivesse, mas um serzinho lindo interrompeu esses planos por um tempinho.
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Enfim, comentários à parte… Não existia a mínima possibilidade de ser mãe, mas como ‘shit happens’, digo, ‘milagres acontecem’ (contém ironia), eu e meu marido acabamos engravidando.
Fui aceitar a minha gravidez somente no 5º mês de gestação. Sofri bastante no começo, por não entender as mudanças em meu corpo, os enjoos constantes e com a indisposição.
Emagreci mais de 10kg no começo e chorava diariamente de desespero porque não sabia como iria criar um filho, com uma situação financeira debilitada (diga-se, quase falida).
Mas quando eu senti meu pequeno ser se mexendo dentro de mim, muita coisa mudou. Compreendi que a vida não é como eu quero e sim como o Criador quer. Ele tem planos para nós e não adianta a gente interferir isso.
Montei o quarto do bebê no 8º mês de gestação, com muito custo e doações dos meus familiares, porque dinheiro por aqui estava difícil.
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O enxoval também foi feito pela minha família e principalmente pela minha mãe, que me deu uma força muito grande na gestação e agora depois que pari, me ajuda até hoje.
Planejei o parto do meu filho para ser natural, sem intervenções médicas, mas como na vida não é do jeito que desejamos, ele nasceu de cesárea e eu sofri abusos médicos no hospital.
Quando o João Miguel nasceu, eu não conseguia esboçar sentimento algum. O tal do ‘baby blues’ foi extremamente difícil… Neném e eu só chorávamos, meu leite secou logo quando desceu e eu passei muito mal por causa disso.
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Ele chorava dia e noite e não entendíamos o que era, mas meu coração de mãe me dizia: compra uma lata de fórmula e dá para esse menino, ele está com fome.
Ao dar o leite de farmácia e saciar a fome do João, eu chorei e pedi perdão a ele por deixar ele com fome, pois o pouquinho de leite materno que eu tinha mal saciava ele.
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Depois disso, tudo foi ficando mais leve, começamos a nos entender e hoje ele é meu mundo e eu sou o dele.
Mas como eu disse no título dessa coluna: Se você romantiza a maternidade, apenas pare. Ela não é um mar de rosas como eu ouvi a vida inteira.
A maternidade não te torna uma mulher mais completa. Ela me fez perceber a potência feminina dentro de mim e como meu útero pode ser a casa de um ser. Não me sinto mais completa, muito pelo contrário, sinto que tem um pedacinho meu, fora de mim e que eu preciso ter mais responsabilidades e deveres que antigamente.
Agora eu tenho a missão de educar, construir e moldar o caráter de uma pessoa. Transmitir meus princípios e valores à um ser que coloquei no mundo. Para que ele possa ser um homem (ou ser o que ele desejar) honesto, íntegro e que tenha empatia com o seu próximo.
Juliana Toledo é jornalista, marqueteira, chef de cozinha e empresária.
Junto com seu marido, possuem um grupo de empresas onde abrigam uma Empresa de Suporte em TI e uma Agência de Marketing, com foco no digital.