No primeiro projeto que fiz na área do envelhecimento consegui envolver uma pessoa que admiro até hoje, que é o Professor que dirige o Age Lab do MIT (https://agelab.mit.edu/).

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Nessa altura pedi ao Joseph Coughlin que escrevesse um artigo para ser a introdução do relatório do referido projeto. Ele escreveu um artigo sobre o impacto do envelhecimento da população e as novas indústrias que iriam aparecer e/ou que seriam reforçadas.

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Uma das indústrias que ele menciona é a chamada “indústria do legado”. Na altura achei aquilo muito estranho e isto foi há mais de 10 anos.

Dizia ele no artigo que o aumento de pessoas maduras, no total da população, iria fazer surgir uma nova área de negócio relacionada com o desejo que é próprio da maturidade, que é o de deixar um legado para o futuro.

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A verdade é que hoje percebo perfeitamente o que ele dizia em 2007. Seja porque eu mesma me preocupo com isso, seja porque vejo essa preocupação nas pessoas à minha volta e na sociedade. Isto tem a ver com o próprio processo de maturidade.

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Ou seja, no processo de maturidade cerebral e na relação do cérebro com as nossas emoções e na forma como nos percebemos em sociedade, é próprio do ser humano este desejo de deixar algo para o futuro. Este algo pode ser um filho tardio, ou outra coisa qualquer.

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Eu, como sabem, não tenho filhos, mas tenho 2 sobrinhas filhas de 2 amigas e um sobrinho de sangue, o Rafael. O Rafael ainda é muito pequeno, mas a Madalena e a Maria já não e hoje estou a construir um livro que será o meu testemunho de relação com Deus, para elas e para quem mais vier a ler.

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Na verdade, e ainda mais com isto do covid-19 e esta loucura que começámos a viver, sinto de uma forma ainda mais forte esta necessidade de deixar uma pegada na sociedade do futuro. Comecei a pensar nisso de uma forma mais consistente quando um dia me fizeram uma pergunta – típica do coaching – que é: “quando morreres o que queres que as pessoas digam de ti?” ou “como queres ser lembrada?”.

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Recomendo vivamente que se dediquem a pensar nesta pergunta. A resposta tem múltiplas aplicações e uma delas é, do meu ponto de vista, uma pista para percebermos se queremos ou não deixar algo para o futuro e, se sim, o quê queremos deixar.

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Devo dizer que é muito interessante porque isto nos dará mais vida, mais energia, alimenta o nosso propósito, nos trará um sentido.

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Eu já tinha uma missão, mais a nível profissional, e com esta reflexão, ganhei uma missão na minha vida pessoal, o que para mim é fantástico, porque sempre coloquei muito mais energia e foco na minha vida profissional e não tanto na afetiva e familiar e hoje sinto um pouco as suas consequências.

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Por isso, aqui deixo a proposta: pensar no legado que quer deixar aos que ficam, sejam eles familiares, amigos ou estranhos (a sociedade).

 

Ana João Sepulveda
Expert em Economia da Longevidade e em Envelhecimento Sustentado
Presidente da Associação Age Friendly Portugal e Embaixadora da rede Aging 2.0

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