O cenário atual aponta para uma crise geopolítica global e, neste contexto, o Brasil tem uma oportunidade favorável para desenvolver inovações sustentáveis, no mercado de insumos para a agricultura brasileira.

Cerca de 80% dos fertilizantes usados na produção agrícola do Brasil vêm do exterior, sendo que 23% desses adubos são importados da Rússia, segundo dados do Ministério da Economia Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Fertilização a base de insumo biológico 2020.

No ano de 2021 cerca de 41,6 milhões de toneladas foram compradas, ao custo de USD 15,1 bilhões. Como estratégia para reduzir a dependência do Brasil das importações de fertilizantes; governo, indústrias, produtores, órgãos de pesquisa e desenvolvimento, entre outros, unem-se para trazer soluções inteligentes à cadeia de agronegócios.

Como resposta a este cenário, temos o desenvolvimento e a fabricação de insumos biológicos em várias regiões brasileiras.

O que são insumos biológicos

Plantação de cebolas.

 Os insumos biológicos são todos os compostos orgânicos utilizados na produção agrícola; como exemplo o esterco animal, fertilizantes naturais, adubos, insetos (abelhas polinizadoras) ou predadores de pragas, restos de colheitas que se misturam ao solo, entre outros.

Plantação de arroz.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) define insumos biológicos como: “Produtos ou processos agroindustriais desenvolvidos a partir de enzimas, extratos (de plantas ou de microrganismos), macrorganismos (invertebrados), metabólitos secundários e feromônios, destinados ao controle biológico. Esses insumos são também os ativos voltados à nutrição, os promotores de crescimento de plantas, os mitigadores de estresses bióticos e abióticos e os substitutivos de antibióticos“.

 Mercado de bioinsumos

Plantação de tomates cultivada a partir de biofertilizantes.

O fortalecimento do uso de bioinsumos na agricultura brasileira segue uma tendência mundial do setor agrícola na busca pelo aumento da produtividade, aliado à redução de custos e ao desenvolvimento de sistemas de plantio baseados em recursos mais sustentáveis.

Colheita de maçãs cultivadas a partir de utilização de biofertilizantes.

Segundo a Crop Life Brasil, a utilização dos bioinsumos já ultrapassa 50 milhões de hectares, no Brasil que recebem os mais diversos tipos de produtos biológicos para controle de pragas e doenças, e também para melhorar o desenvolvimento das plantações.

Cultivo de cenouras a partir de biofertilizantes.

O cultivo de hortaliças e legumes sem agrotóxicos vem crescendo, e a demanda por alimentos orgânicos que representam mais saúde na mesa do consumidor brasileiro também. As técnicas de compostagem, o uso de materiais naturais contribui bastante para quem procura um bom plantio e alimentos saudáveis.

Brotos de soja.

Entre as culturas que mais utilizam os fertilizantes estão à soja, o milho e a cana-de-açúcar, somando mais de 73% do consumo nacional.

O Decreto Nº 10.375, de 26 de maio 2020 instituiu o Programa Nacional de Bioinsumos – O PNB tem como objetivo ampliar a adoção dos bioinsumos na agricultura brasileira. São mais de 580 produtos registrados disponíveis no país destinados a combater mais de 100 pragas e plantas invasoras e ampliar a absorção de nutrientes, favorecendo o crescimento de inúmeras espécies vegetais. Toda essa movimentação e avanços têm chamado a atenção do mercado e de investidores.

Plantação de milho.

Os insumos biológicos trazem uma economia anual ao País de aproximadamente R$ 165 milhões com a aplicação de produtos para controle biológico, e da ordem de U$ 13 bilhões com a exploração da fixação biológica de nitrogênio somente com a cultura da soja. Esse incremento econômico tende a aumentar nos próximos anos, especialmente, em função da expansão do mercado de biológicos no Brasil e no mundo. Fonte: MAPA

 Destaque para empresas que investiram no mercado de bioinsumos

Irrigação.

A Verde Agritech realiza investimentos em produção de fertilizantes potássicos em Minas Gerais. Uma nova unidade deve iniciar produção no terceiro trimestre, com capacidade de 1,2 milhões de toneladas ao ano. Essa segunda unidade deverá ter sua capacidade ampliada para 2,4 milhões de toneladas até o quarto trimestre. Com isso, a empresa deverá ser a maior produtora de potássio do Brasil. Fonte: Money Times

Fertilização do solo.

A Embrapa investe em parceria com pesquisadores e produtores buscando soluções no setor de adubos orgânicos. Essa união faz parte de uma metodologia participativa que envolve instituições de pesquisa, de extensão e produtores rurais no manejo agro ecológico do solo, feito com a utilização de materiais como esterco bovino, capim e folhas de bananeiras. Eles se transformam em excelentes fertilizantes, e podem ser enriquecidos com materiais minerais não sintéticos, e que são permitidos pela legislação brasileira para a agricultura orgânica, como os fosfatos naturais e pós de rocha.

Esta parceria foi implementada em propriedades em Goiás, e na área experimental da Agro Ecologia da Embrapa Arroz e Feijão.

Fonte: https://www.embrapa.br/arroz-e-feijao

Colheita de soja 2020.

O crescimento do mercado brasileiro de defensivos biológicos segue tendência mundial de redução do uso de agroquímicos para combater pragas e doenças nas lavouras. A busca pela qualidade de vida e saúde, lição aprendida com a epidemia de Corona vírus, gera uma demanda espontânea para o uso de produtos orgânicos e alimentos naturais, trazendo a mesa do consumidor global uma alimentação muito mais saudável.

Créditos das fotos: Pixabay

 

Colunista:

Beatriz Negrão  

 Carreira desenvolvida na área de Comunicação, atuando em empresas no Brasil e no exterior. Publicitária, Jornalista, Pós-Graduada em Marketing pela ESPM com experiência em gestão de clientes e projetos. Como jornalista, escreveu matérias em diversas revistas do setor e proferiu palestras viajando pelo País, abordando o tema Agribusiness.

 Certificados: certificado Ministério Del Lavoro Italiano e internacional de Siena/ Itália.

 Contato: E – mail: neghrao@hotmail.com