Estava a pensar no tema para este artigo quando vi uma matéria sobre uma jovem de 91 anos que se chama Takishima Mika que me inspirou profundamente. Depois fiz um pouco mais de pesquisa e encontrei uma outra jovem de mais de 70 anos – Babette Davis e disse para mim mesma que era este o caminho que queria explorar este mês – o poder da tomada de uma decisão.

Tanto Babette como Takashima são mulheres que um dia resolveram mudar as suas vidas. Passaram do “seria bom se …” e do “e se …” para a ação. Takashima resolveu começar a fazer exercício físico porque esta com um pouco de excesso de peso e porque precisava de ter mais energia para deixar de ser somente dona de casa.

Babette Davis – Pinterest
Babette Davis – Pinterest

Babette tem uma história de vida dura, com abusos na infância e consumo de drogas até que chega a um momento que decide mudar o rumo, acertar a agulha, como dizemos. Passa por uma fase de descoberta do amor por si mesma e depois começa a trabalhar a sua saúde e a felicidade.

Tanto uma como outra são hoje referências internacionais e inspiram pessoas de todas as idades. Para mim, passam uma mensagem muito importante – a mudança para melhor é possível mas é preciso (1) tomar consciência e (2) querer efetivamente.

@jiujitsu_grandma
@jiujitsu_grandma

Se falarmos com um psicólogo, um coach ou mentor, qualquer um deles dirá que a mudança vem quando atingimos o ponto da dor que já não se suporta. Enquanto suportarmos a dor vamos nos manter mais ou menos no mesmo sítio, no mesmo tipo de vida. Podemos querer a mudança mas não encontramos motivação para mudar atitudes e comportamentos. Temos motivação mas não forte o suficiente.

Passar de um momento em que queremos mudar para uma mudança efetiva não é fácil. Babette diz que percebeu que aos 70 já não tinha muito mais tempo e que era preciso ser responsável pela sua felicidade e pela sua vida. Percebeu com tal força que isso fê-la mudar de caminho e encontrar o seu, a sua solução.

O mesmo fez Takashima. Num primeiro momento ia para o ginásio e como não percebia nada daquilo que lá se fazia, imitava o que os outros faziam. A verdade é que começou a ganhar força e a perder peso, ganhar energia e autoestima. Depois encontrou um personal treiner e foi em frente. Cresceu de tal forma que começou a inspirar outros.

Julia Hawkins, 101 anos – Pinterest
Julia Hawkins, 101 anos – Pinterest

Veio a pandemia e como isso a impedia de dar as suas palestrar e aulas, passou para o digital e foi aprender inglês, para poder chegar a um número ainda maior de pessoas. Uma mudança rápida de estratégia e um novo desafio porque é sabido que para os japoneses não é muito fácil aprender outra língua, mas ela o fez.

Em ambos os casos foi uma tomada de decisão pensada e consciente. Todos nós o fazemos, mas também tomamos decisões de forma quase inconsciente e que não são assim tão benéficas para nós.

Ruth Flowers DJ – Pinterest
Ruth Flowers DJ – Pinterest

A questão para mim, quem já caminhou muito nesta jornada da busca de si e da felicidade mas que acredita ter ainda um bom caminho a percorrer (acredito que é um caminho que acaba quando morremos), é ter a consciência do tipo de decisão que tomamos, porque pode nos levar para a frente, para onde queremos estar ou mesmo para onde nunca nos tinha passado pela cabeça estar; ou pode nos manter onde estamos e não queremos ou mesmo o mais sério, que é levar-nos para onde não queremos de todo estar.

A tomada de uma decisão é algo bastante poderoso e o que pretendi com os casos de Takashima e da Babette foi mostrar que a idade não é desculpa para dar uma volta de 180º na nossa vida, mostrar que há quem tenha feito, depois dos 60 e que está feliz e que isso ajuda a dar mais sentido à vida.

Um dos pilares de uma vida longeva (e feliz) é ter um propósito, ter um sentido para a vida. Os casos que partilho convosco são casos de pessoas que sentiam que não tinham um propósito e que foram atrás dele.

Madonna Buder, conhecida como “a freira de ferro”, é uma triatleta de 86 anos que já completou 370 provas de triatlo.

Das pessoas que tenho conhecido, as mais interessantes são as que estão no caminho da felicidade. Seja em que etapa estejam, são tipicamente, pessoas que me inspiram e mostram, com o seu exemplo, alternativas que posso adotar para a minha vida, para me ajudar a ultrapassar os obstáculos que ainda quero ultrapassar. Espero que a Takashima e a Babette vos inspirem e desacomode também. Deixo aqui 2 links de vídeos para verem:

Sobre Takashima: https://youtu.be/ni4PAk2VLgw

Sobre a Babette: https://youtu.be/IDISpLVSeeY

 

Colunista:

Ana João Sepulveda
Expert em Economia da Longevidade e em Envelhecimento Sustentado
Presidente da Associação Age Friendly Portugal e Embaixadora da rede Aging 2.0

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