Numa das últimas noites do ano passado estava à procura de algo para ver na Netflix. Estava ali a ver os filmes e vi Nyad, com Judie Foster. Já tinha visto umas fotos do filme, mas não sabia ao que ia, não tinha a mínima ideia da história do filme.
Aos que ainda não viram, recomendo ver. Aos que estão desanimados e acham que é hora de desistir dos sonhos, recomendo ver. Aos que teimam em achar que há uma idade até à qual ainda podemos perseguir os nossos sonhos, recomendo ver. Grande elenco e grande histórica e verídica.
Eu fiquei sem emprego em 2008. Naquele ano eu e alguns dos meus clientes ficamos sem emprego e tivemos de reencontrar um espaço para continuarmos ativos. Eu nem tinha 40 anos e já me diziam que ninguém iria empregar uma mulher de 40!
Foi por recurso que me dediquei a explorar o tema do envelhecimento, e hoje da longevidade, porque não encontrei emprego. Um pouco mais tarde, em 2013, abri oficialmente a 40+ Lab, que lutei duramente nestes anos para manter e fazer crescer, ano após ano.
Neste tempo contei com os amigos que tinha, com os que fiz pelo caminho e com a persistência, muita. Hoje colho o que plantei. E o que isso tem a ver com o filme? Tem tudo.
Nyad é a história verídica de uma mulher que aos 64 anos de idade, e após 4 tentativas falhadas, realiza o seu sonho. Pelo meio o apoio dos amigos que tinha e dos que fez e luta, muita luta.
Luta contra o mar e os seus habitantes, na travessia a nado de Cuba aos Estados Unidos – Flórida. Luta contra o seu corpo, principalmente contra a mente, e contra todos os que diziam que era a altura de desistir. Mas a 31 de agosto de 2013 ela vence.
Se a história é 100% verdade ou não, porque existem algumas controvérsias em torno do feito, a verdade é que o filme retrata muito bem a luta e resiliência desta mulher e é isso que eu quero destacar.
Revi-me no essencial da história de Nyad. Resiliência, capacidade de persistir numa direção superando os obstáculos que aparecem e todo o processo de amadurecimento que é inerente. Depois, intuição. Em tudo isto acredito que há uma boa dose de intuição. O alvo, o objetivo continua a ser o mesmo, mas a intuição, fruto também da experiência, guia o caminho. No fim, amor. Só o amor ao objetivo, ao sonho. Para mim essa é a peça que acaba por fazer a diferença.
Para mim Nyad foi um reforçar da inspiração. Um exemplo entre cada vez mais. Mas um exemplo num filme de que gostei muito.
No meu último artigo falei sobre o amor. É o amor à vida que nos mantém vivos independente da idade e de outros condicionalismos que nos coloquem. É este amor que nos move para a mudança e nada melhor, acho eu, que começar o ano a falar de amor e de resiliência. Ainda mais numa época em que é tão fácil perder a esperança, deixar de lutar por aquilo em que acreditamos e acharmos que antes só que mal-acompanhado.
Da minha experiência, e vale o que vale, o amor move-nos e os amigos, aqueles que são mesmo do coração, são os que nos mantém. Essa é também a experiência da minha vida ao longo destes anos em que tenho lutado, e crescido, para manter a minha empresa viva e a crescer, numa área que é a minha paixão e o legado que quero deixar.
Em abril deste ano farei 4 anos a escrever para a No More. Ao longo destes 4 tenho partilhado muito daquilo que me ocupa o coração. É este um dos meus espaços de legado, onde vou deixar um pouco de mim naquele que é tema da minha vida. Um acaso que se tornou a minha travessia do Estreito da Flórida.
Àqueles que tem o seu grande sonho, o seu grande objetivo, vamos a ele em 2024. Resiliência, amor, muito amor e uma boa dose se intuição, seguir o que nos suspira o coração.
Colunista:
Ana João Sepulveda
Expert em Economia da Longevidade e em Envelhecimento Sustentado
Presidente da Associação Age Friendly Portugal e Embaixadora da rede Aging 2.0
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