A revista No More Mag compareceu ao Brasil Eco Fashion Week (BEFW) 8ª Edição que ocorreu nos dias 13, 14 e 15 de dezembro no Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca em São Paulo. O convite veio da Estilista Camila Machado que esteve presente no Vale Fashion 11ª Edição em São José dos Campos. Camila apresentou a sua nova coleção “Mãos que Curam” e abriu o primeiro bloco no dia de encerramento da Semana de Moda Sustentável Brasileira.

Jussara Medrado – Editora Chefe No More Mag em painel Instagramável BEFW 8ª Edição. Foto: Acervo.

Todo ano, o BEFW transforma São Paulo em palco de desfiles, palestras, networking e muita troca de ideias. E o melhor? É gratuito e aberto ao público! A Semana de Moda Sustentável não para de crescer – são mais de 120 colaboradores, além de um time de empresas que entram junto nessa caminhada, apoiando e patrocinando o evento.

Looks para o desfile de Dih Morais no Backstage. BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag

Imagina um lugar onde moda, sustentabilidade e empreendedorismo andam de mãos dadas. Esse é o Brasil Eco Fashion Week! Mais do que um evento, a plataforma joga luz nas boas práticas de marcas e profissionais que estão repensando a indústria da moda, com foco total em um futuro mais verde e consciente. Aproveitamos para nos interarmos sobre as marcas que adotaram esses processos e se destacam no cenário nacional.

Backstage… Adrián Ilave Inka, estilista da Kunpi cuida dos detalhes na produção. BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

“O Brasil representa a maior cadeia produtiva de moda completa do Ocidente, e abriga desde o cultivo da fibra no campo, até a reciclagem do produto. Nosso país tem um grande potencial para inspirar modelos criativos e parcerias ao longo desse caminho, e temos como missão estimular esse processo.” – BEFW.

Backstage… Adrián Ilave Inka, estilista da Kunpi cuida dos detalhes na produção. BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

O Brasil não é qualquer país quando o assunto é moda, somos donos da maior cadeia produtiva completa do Ocidente. Do plantio do algodão à reciclagem do produto final, tudo acontece por aqui. Esse potencial gigantesco abre espaço para inovação, criatividade e parcerias que podem mudar o jogo. A missão da plataforma Brasil Eco Fashion? Dar aquele empurrãozinho para que tudo isso aconteça!

Backstage… Modelo na a espera para o Make up. BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Desde que começou o BEFW já se firmou como referência. Além das edições em São Paulo, levou a moda sustentável brasileira para passarelas internacionais como na Milan Fashion Week – Itália e na Premium Berlin, uma das maiores feiras de negócios de moda da Alemanha. Em 2023, a plataforma Brasil Eco Fashion se apresentou em conferência na Cúpula da Amazônia.

Backstage… BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Backstage… Cantor Lenin Tamayo e dançarino ritual Chaski prontos! Diretamente dos Andes para apresentação no desfile da marca Kunpi. BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

A moda que vai além…

Dos três dias de evento estivemos por lá no domingo 15 de dezembro para prestigiar o primeiro bloco de desfiles que iniciou as 14h. Colhemos uma mostra do que é o movimento de moda sustentável brasileira e andando pela feira vislumbramos o que o mercado nacional pode oferecer.

“Mãos que Curam”: a moda como expressão de alma e natureza por Camila Machado

Desfile Camila Machado “Mãos que Curam” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Desfile Camila Machado – “ Mãos que Curam” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Para Camila Machado, estilista e artista têxtil, cada peça é uma ponte que conecta o ser humano à essência do planeta. Camila desenha histórias de cura, regeneração e beleza, costuradas com respeito profundo à natureza.

Desfile Camila Machado – “ Mãos que Curam” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Sua mais recente coleção, “Mãos que Curam”, não é apenas uma linha de alta costura. É um convite para mergulhar nos mistérios dos sete chakras e nas energias que fluem do coração da Terra. Inspirada por expedições ao Pantanal e à Amazônia, Camila traduz em tecido as vibrações do mundo natural, celebrando a força invisível que nos mantém ligados ao universo. Os pigmentos usados nas peças são extraídos de plantas como jenipapo e clitória, revelando cores intensas que falam de serenidade e espiritualidade. Cada tom carrega o poder das raízes, folhas e flores, como se a própria natureza se manifestasse nos vestidos e sapatos feitos sob medida. É nesse processo que Maria Paula Bianco, artista visual, entra como parceira, ajudando a transformar tecidos em verdadeiras telas vivas, unindo arte, moda e propósito.

Backstage… Adrián Ilave Inka, estilista da Kunpi cuida dos detalhes na produção. BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Desfile Camila Machado – “ Mãos que Curam” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

A delicadeza da seda orgânica brasileira se mistura com a força de peles de peixe reaproveitadas, reafirmando uma filosofia de desperdício zero. Cada detalhe carrega a marca do trabalho artesanal: técnicas como impressão botânica e cianotipia preservam a memória das plantas, enquanto cristais translúcidos são cuidadosamente incorporados às peças, elevando ainda mais a energia curativa da coleção.

Backstage… Adrián Ilave Inka, estilista da Kunpi cuida dos detalhes na produção. BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Desfile Camila Machado – “ Mãos que Curam” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Com “Mãos que Curam”, o ateliê de Camila Machado reafirma um compromisso inabalável com a regeneração do planeta. Mais do que roupas, suas criações se tornam símbolos de transformação cultural e ambiental.

@camilamachadoatelie

Casa Apolinária homenageia as “Matriarcas do Samba”

Desfile Casa Apolinária – “Matriarcas do Samba” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag

 Quando a moda é alinhavada com história e ancestralidade, ela ganha voz. A Casa Apolinária, nascida em 2018 das mãos e do coração das irmãs Gisele, Gislene e Jessica Rocha, mostrou essa força na passarela do Brasil Eco Fashion Week. Na 8ª edição do evento, a coleção “Matriarcas do Samba” trouxe à tona a potência de mulheres que moldaram o samba, transformando-o em símbolo de cultura e resistência popular. Cada peça dessa coleção carrega o nome, a memória e o legado de figuras como Dona Ivone Lara e Leci Brandão.

Desfile Casa Apolinária – “Matriarcas do Samba” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag

Os volumes generosos evocam as saias rodadas das tias baianas, e as cores vibrantes remetem às escolas de samba que pulsaram (e ainda pulsam) em cada esquina do Brasil. A coleção não é apenas roupa – é uma narrativa visual da riqueza ancestral brasileira. A cada costura, a celebração se manifesta, lembrando que arte e resistência andam lado a lado.

Desfile Casa Apolinária – “Matriarcas do Samba” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag

Tecidos de fibras naturais, botões reciclados, bordados feitos à mão e estampas criadas com linogravura dão forma à coleção. O jacquard de algodão leve, que imita renda, une inovação e tradição – uma fusão que honra os saberes herdados dos ancestrais com um olhar para o futuro.

A Casa Apolinária não apenas veste corpos, propõe a moda que respeita suas raízes e, com orgulho, as carrega para as próximas gerações.

@casaapolinaria

Almenara Têxtil: o Rio Jequitinhonha celebrado na coleção “Travessia”

Backstage… Adrián Ilave Inka, estilista da Kunpi cuida dos detalhes na produção. BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Desfile Almenara Têxtil – “Travessia” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

A Almenara Têxtil nasce do coração do Baixo Vale do Jequitinhonha, tecendo em suas peças a história de um povo que resiste, cria e encanta. Fruto do projeto Mãos à Moda Almenara, idealizado pelo Sebrae Minas, a marca surge para dar visibilidade à riqueza cultural dessa terra de artesãos e artistas, onde cada bordado e trama carregam séculos de tradição.

Lançada oficialmente em 2024, a Almenara Têxtil promove o encontro entre sustentabilidade e inovação. Tecidos reciclados, fibras naturais e técnicas de upcycling dão forma a peças que respeitam o planeta e honram a sabedoria ancestral.

Desfile Almenara Têxtil – “Travessia” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

A coleção Travessia é uma homenagem viva ao Rio Jequitinhonha e às memórias que ele carrega. Suas águas inspiram modelagens fluidas, cores terrosas e texturas que evocam o trabalho das lavadeiras e a força discreta das mulheres da região. É um tributo a mestres locais, como Dona Adelícia, guardiã dos bordados que traduzem histórias, e João Cipó, cujas tramas em cipó transformam a matéria em arte.

Desfile Almenara Têxtil – “Travessia” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

A Almenara Têxtil leva à passarela um recado poderoso: moda é cultura, moda é resistência, moda é identidade. Ressignificar materiais e valorizar o que vem da terra é celebrar o território e construir um futuro mais sustentável – para o Vale do Jequitinhonha e para o mundo.

@maosamodaalmenara

 Kunpi: moda com o espírito dos Andes

 

Desfile Kunpi – “Wakanistas” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

 A Kunpi não é uma marca de moda comum. Ela é um chamado ancestral que ecoa das montanhas andinas para o presente, trazendo consigo a alma de um povo, seus rituais e sua essência.

Desfile Kunpi – “Wakanistas” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Fundada em 2021 pelo arqueomodista peruano Adrián Ilave Inka, a Kunpi é guiada pelo conceito de Arqueomoda e une arqueologia, antropologia e espiritualidade em um processo criativo que dá vida a peças carregadas de história. Cada roupa conta uma narrativa que ultrapassa o tempo, conectando passado e presente em um diálogo que vai além da estética – é uma experiência de pertencimento.

Desfile Kunpi – “Wakanistas” performance dançarino ritual Chaski. BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Com raízes tanto no Brasil quanto no Peru, a Kunpi tece uma rede de colaboração com artesãos de ambos os países. Os materiais utilizados são sustentáveis e reaproveitados, revelando o respeito pela terra e pelas mãos que moldam cada detalhe. É uma moda que nasce do chão, mas que carrega no tecido o céu estrelado dos Andes.

Desfile Kunpi – “Wakanistas” BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

A Kunpi apresentou a coleção Wakanistas, uma ode à espiritualidade ancestral dos Andes.

Desfile Kunpi – “Wakanistas”, show do cantor Lenin Tamayo, criador do Quechua pop (Q’Pop) BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

O desfile foi uma celebração. Os looks misturam tradição Inka e pré-Inka com design contemporâneo, a passarela se transformou em palco para o dançarino ritual Chaski e para o cantor visionário Lenin Tamayo, criador do Quechua Pop (Q’Pop). A música, a dança e as roupas se fundiram em um espetáculo que reverenciou a cultura andina e a projetou para o futuro.

A Kunpi mostra que a moda pode ser uma ponte entre mundos. Respeitar o passado não significa parar no tempo, mas carregar consigo as lições e o espírito de quem veio antes. @kunpi.arqueomoda

Feira Eco Fashion… O que fez nossos olhos brilharem!

Prestigiar o BEFW e caminhar pelos corredores conversando com os expositores, ouvindo a história de cada marca e os processos utilizados na manufatura de seus produtos, é como passar por um portal e conhecer um universo de inovação, criatividade e beleza onde a moda se reinventa para tornar-se uma ferramenta benéfica tanto para o bem do planeta como para a economia.

À direita, Camila Machado veste criação autoral. Ao lado, Jussara Medrado, editora-chefe da No More Mag. Feira 8ª Edição BEFW. Foto: Acervo.

Foi surpreendente nos depararmos com a riqueza dos estandes, tanto em relação ao design dos produtos como qualidade e técnicas inovadoras de reaproveitamento de materiais na confecção de roupas, calçados, bolsas, acessórios variados, joias e biojoias. Algumas atraíram nosso olhar de forma especial e não pudemos deixar de notar o espaço da marca de joias homônima Raquel de Queiroz.

Raquel de Queiroz Joias. 8ª Edição BEFW. Foto: No More Mag.

Além dos óculos de sol com armação feita de madeira reciclada a design da marca homônima usa sementes, pedras naturais, pele de arraia, folhas vitrificadas, sementes e os insumos mais inusitados para criar peças únicas. Raquel de Queiroz também é craque em ressignificar vidro de garrafas coloridas para dar vida e personalidade as suas joias. O metal usado em suas criações é a prata.

Raquel de Queiroz Joias. 8ª Edição BEFW. Foto: No More Mag.

@raqueldequeirozjoias

Nossa biodiversidade é inspiradora! Foi impossível não parar um pouquinho para apreciar todas as cores da Seiva, marca de biojoia em Borracha Natural Extrativa da Amazônia. Foi muito interessante nossa conversa com e Designer Lídia Abrahim para entendermos um pouco mais sobre as práticas sustentáveis na produção das biojoais realizadas em Colaboração com a Seringô.

A designer Lidia Abrahim apresenta suas biojoias feitas em Colaboração com a Seringô. 8ª Edição BEFW. Foto: No More Mag.

A biojoia Seiva é feita artesanalmente por uma rede de artesãs paraenses que moram em comunidades ribeirinhas e seringueiras nos Municípios de Breves, Arajás, São Francisco, Santarém, Oriximiná, Castanhal e Ananindeua.

Biojoias Seiva feitos em Colaboração com a Seringô. 8ª Edição BEFW. Foto: No More Mag.

O material é natural extraído das árvores da seringueira, que segundo Lidia Abrahim: “são exemplares centenários encontrados na natureza”, o que estimula a economia sustentável e a floresta em pé. A borracha nativa da Amazônia é misturada ao açaí micronizado.

Calçados Seiva feitos em Colaboração com a Seringô. 8ª Edição BEFW. Foto: No More Mag.

Os seringueiros e artesãos são capacitados e autorizados pelo PoloProbio a utilizar essa tecnologia Social de extração e beneficiamento artesanal de Borracha. Entre inúmeros produtos, nos chamaram a atenção os calçados esportivos fabricados com os insumos naturais de forma que se decompõem no meio ambiente sem malefício a natureza, como nos explicou Lidia.

@seivaamazondesign

Design by @lidiaabrahim em Collab com @seringooficial

Estande Justa Trama.  8ª Edição BEFW. Foto: No More Mag.

Quem se norteia pela moda sustentável não consegue ficar imune a um estande repleto de peças em tecido natural. Por isso paramos no espaço da Justa Trama, marca da Cadeia Produtiva do Algodão Solidário, formada por cooperativas e associações envolvidas no cultivo do algodão agroecológico voltado a produção de tecidos, brinquedos e roupas.

Cibele Barros, da Tecido Social, apresenta peças desenvolvidas em parceria com a Justa Trama. BEFW 8ª Edição. Foto: No More Mag.

Tivemos a sorte de encontrar com Cibele Barros, da Tecido Social, que nos apresentou as peças desenvolvidas em parceria com a Justa Trama. Cibele nos explicou um pouco sobre o Projeto Tecido Social e como as duas marcas, em parceria, empregam centenas de artesãos e costureiras  usando matéria prima exclusivamente nacional, o algodão brasileiro.

@justatrama
@tecidosocial

BEFW é a  consolidação da sustentabilidade na moda brasileira

O universo do BEFW vem se ampliando ano a ano e, realmente, o que vivemos e vimos na visita ao evento é um trabalho louvável que nos orgulha e revela uma Moda Brasileira que veio para ficar e mudar a forma de vermos o mundo.

Trouxemos alguns Flashes do BEFW que em sua 8ª Edição já se consolidou como um dos mais importantes Eventos da Moda Brasileira Sustentável. Mas já estamos nos preparando para uma cobertura completa em 2025.

Desfile Suntime Swimwear BEFW 8ª Edição. Foto: Instagram @suntime.swim

E sim! Esse é o presente, o futuro e o caminho a ser seguido!

E se você é empreendedor, estilista ou tem um projeto incrível na área, fica ligado: todo ano rolam inscrições para participar do showroom e dos desfiles. Uma equipe de curadores especialistas escolhe as marcas que vão brilhar no evento, garantindo que cada peça apresentada tenha alma e compromisso com a sustentabilidade.

Saiba Mais:

https://brasilecofashion.com.br/

Assim é a BEFW: moda que vai além da estética – é movimento, é impacto positivo, é transformação. Nós da No More Mag temos o mesmo propósito e estamos juntos. Acompanhe nosso conteúdo e vem com a gente!

E você, também gostou? Se sim aproveite nossa dica e brilhe nas festas!

Jussara Medrado

EDITORA:
Jussara Medrado é Editora Executiva da No More Mag. Ama escrever sobre moda, comportamento, lifestyle e temas relacionados a sustentabilidade.
Ingressou no mundo fashion como vendedora e consultora de estilo em boutiques nos efervescentes anos 80. Nos anos 2000 iniciou trabalhos de produção em eventos, catálogos e repórter de moda na coluna inaugurada por ela no Jonal O Vale.
Por 17 anos foi Editora de uma publicação que se diferenciou das demais por colocar o calçado em posição de protagonista!
editoria@nomoremag.com