Após quase se formar em Biologia, o tatuador é hoje um dos mestres da profissão no cenário paulistano.
Iuri Waitzberg, 30 anos, é um dos tatuadores mais prestigiados do cenário paulistano onde construiu sua carreira e desenvolve a maior parte de seu trabalho. Mais que um tatuador, Iuri é um artista que combina técnica apurada, paixão, sensibilidade e uma abordagem única de conexão humana.
Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
Além de ter solidificado seu nome no universo da tatuagem em São Paulo também realiza viagens para guest spots internacionais, com sua esposa, Fernanda ChizukoTsukada, que também é tatuadora. Esses períodos no exterior enriquecem sua visão artística, mas ele sempre retorna ao ambiente criativo que construiu na capital paulista.
Tatuagem Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
O que o diferencia de muitos ao tatuar é que Iuri se norteia por histórias pessoais, obtidas na conversa com cada cliente, símbolos culturais e muita pesquisa. Assim, a técnica, o talento para o desenho e a precisão dos seus traços transcende a pele e se torna arte.
Tatuagem Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
Se não fosse esse exímio tatuador Iuri seria biólogo, ele cursava Biologia na Unicamp, em Campinas e trabalhava com engenharia genética, pesquisando modificações em transgênicos. Embora o tema fosse fascinante, ele sentia que faltava algo em sua vida. Começou a tatuar e, com o incentivo de amigos, logo percebeu que essa seria sua verdadeira paixão.
Tatuagem Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
“Sempre fui fascinado pelo estudo da vida. Com o tempo, percebi que minha verdadeira vontade e vocação era criar, mas o ambiente de laboratório não me permitia isso”, explica. Foi essa insatisfação que o levou a explorar outras formas de expressão, até descobrir a tatuagem como uma paixão e, posteriormente, uma profissão. “Sempre desenhei muito e na Biologia comecei a praticar ainda mais, desenhando formas de vida, especialmente dos animais. Passei para a tattoo sem grandes perspectivas, mas levei a sério desde o início. Quando percebi, já estava deixando a faculdade, no quarto ano, no final de 2016, e mergulhando de cabeça na tatuagem, com muito estudo e trabalho. Foi um salto no escuro, mas que mudou minha vida”, afirma.
Tatuagem Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
No início, seus pais não entenderam sua escolha. Aos poucos, aceitaram e admiraram sua nova profissão. “Eles ficavam um pouco perdidos, preocupados com o futuro, mas sempre quiseram me ajudar. Minha mãe, por exemplo, entregava meus cartões de visita para ajudar a divulgar meu trabalho quando eu estava começando. E até hoje ela leva alguns na bolsa!”
Tatuagem Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
Após se mudar para São Paulo, Iuri começou como aprendiz e, com dedicação e estudo, consolidou sua carreira na capital paulista, que hoje é sua base de trabalho. “Para mim, tatuagem foi desde o começo algo muito sério, já que estou marcando a pele de uma pessoa para sempre”, diz.
O estilo de Iuri Waitzberg
Tatuagem Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
No início da sua trajetória como tatuador, Iuri se dedicou especialmente ao estilo do dotwork (trabalho com pontos) geométrico, mas aos poucos sentiu que precisava incorporar sua paixão inicial pelas formas naturais e que para isso teria que se aprimorar, “sempre e cada vez mais”, no desenho.
Tatuagem Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
Iuri explica: “Quando eu era aprendiz, certa vez tive um problema com um desenho. O dono do estúdio disse que eu não poderia fazer esse tipo de trabalho e que até deveria repensar em ser um tatuador, já que nunca seria suficientemente bom para ser um verdadeiro profissional. A crítica mexeu demais comigo. Cheguei em casa pensando em parar, mas na mesma noite decidi que deveria estudar obsessivamente desenho para ser um ótimo tatuador. E desde então não parei de estudar e de crescer como artista”.
Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
Hoje, seu estilo é uma fusão única entre o realismo e o geométrico. “Faço um realismo com linhas finas, que chamo de Fine Art, e exploro formas geométricas. Mas sempre combino com algo mais fluido e natural, que se encaixe perfeitamente no corpo da pessoa”, descreve. Essa abordagem cuidadosa e artística faz com que suas tattoos sejam mais do que simples desenhos: tornam-se extensões da identidade dos seus clientes.
Tatuagem Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
O diferencial de Iuri não está apenas na excelência técnica, mas também em sua capacidade de transformar cada tatuagem em uma expressão única. “Tatuar é um processo profundamente humano”, afirma. E acrescenta: “Sempre busco encontrar o equilíbrio entre a harmonia e a individualidade, para que cada tatuagem reflita a personalidade do cliente. Acho fundamental que o (a) cliente sinta que a tatuagem não é algo que se coloca como uma roupa, mas sim uma parte dele ou dela que foi trazida para fora e agora pode ser exposta orgulhosamente na pele”.
Tatuagem Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
Antes de começar um projeto, ele conversa longamente com os clientes para entender suas motivações e as histórias por trás da arte que desejam carregar no corpo. Esse processo, que ele descreve como quase terapêutico, permite que crie projetos que conectem o significado interno do cliente com sua própria visão artística.
Tatuagem Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
“A tattoo não é apenas arte na pele. É sobre a relação com o cliente, sobre o humano por trás do desejo de tatuar. Quase ninguém faz uma tattoo só para si mesmo. Sempre há uma história ou um significado que a pessoa quer externar. Tatuar é sempre uma troca. O cliente traz para a sua história, suas emoções e ideias, e eu ajudo a expressar tudo isso em sua pele”.
Talvez o aspecto que mais distingue Iuri como artista seja a sua abordagem humana e empática. “Quando você trabalha apenas pelo dinheiro ou pela fama, é difícil ir longe. Meu trabalho é baseado na verdade, no que acredito, e é isso que traz realização pessoal e profissional.” Essa filosofia o ajuda a criar tatuagens únicas e duradouras, que refletem tanto o cliente quanto sua própria essência como artista.
Iuri Waitzberg. Foto: Divulgação
Iuri é também artista plástico. Atualmente está produzindo telas sobre os animais ameaçados de extinção, com uma técnica em que usa caneta Bic para fazer pontinhos com uma máquina de tatoo que adaptou para que pudesse funcionar com a caneta ao invés da agulha. “Eu marco a tela como se fosse a pele. É como se eu estivesse tatuando a tela”, diz. Mas, isso é assunto para uma matéria exclusiva. Já estamos reunindo material para falar deste outro viés do tatuador e artista!
Até breve!
Jussara Medrado
Instagram: @iuri.ink
Site: www.iuri.ink
EDITORA:
Jussara Medrado é Editora Executiva da No More Mag. Ama escrever sobre moda, comportamento, lifestyle e temas relacionados a sustentabilidade.
Ingressou no mundo fashion como vendedora e consultora de estilo em boutiques nos efervescentes anos 80. Nos anos 2000 iniciou trabalhos de produção em eventos, catálogos e repórter de moda na coluna inaugurada por ela no Jonal O Vale.
Por 17 anos foi Editora de uma publicação que se diferenciou das demais por colocar o calçado em posição de protagonista!
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