Semana passada estive numa conferência para assinalar o Dia Mundial de Sensibilização para a Queda nos Idosos e foram tocados vários aspectos relacionados com este tema, que para mim não tem só a ver com os idosos, mas com todos nós quando nos tornamos adultos.
Gostei tanto da qualidade das “dicas” que foram partilhadas e por saber que é um tema extremamente importante, que resolvi trazê-lo para a reflexão este mês. É uma conversa um pouco diferente do habitual, mas que me parece fazer todo o sentido.
Isto porque, como já tive oportunidade de referir, precisamos de desenvolver a literacia para a longevidade. Perceber que vamos viver mais tempo e compreender de que forma isto nos impacta, que áreas são estratégicas e para as quais é bom que tenhamos algum plano.
Assim também com o envelhecimento. Saber que a partir de uma determinada etapa da nossa vida vamos ter menos saúde e saber o que fazer para prevenir e minimizar o impacto natural da perda de saúde é fundamental.
Por isso, quero falar-vos da componente do equilíbrio do corpo, da necessidade de termos consciência corporal, saber como estamos em termos de postura, onde estão os nossos pés, as ancas e o tronco. Estar no nosso corpo é uma forma eficaz de prevenir lesões e de, mais tarde, prolongar a nossa saúde.
Uma das áreas onde estou neste momento a trabalhar é a área da longevidade e da capacitação das pessoas para que construam uma consciência ativa do corpo e da mente, que lhes permita estarem atentos aos seus sentimentos, às suas conversas internas, mas também à forma como se movem, como estabilizam o corpo.
Já vos disse que sou fã e praticamente de 2 artes marciais e o que mais me agrada nelas nem é a componente de autodefesa e sim a forma como me permitem trabalhar esta relação entre a minha mente e o meu corpo. Também porque esta consciência alastra-se ao campo à minha volta e faz-me estar naturalmente mais consciente do que se está a passar à minha volta.
Isso evita sustos, faz-me sentir mais segura e com maior grau de controle sobre mim e sobre o meio à minha volta. Dá-me mais paz e quando em stress acabo por ter mais tempo para pensar. Aumenta o intervalo de tempo entre o acontecimento que me gera stress e a minha reação.
Deixem-me contar-vos que outro dia escorreguei e caí no chão, numa queda que não me fez absolutamente nada, mas que a uma pessoa que não saiba cair tinha no mínimo feito um grande estrago. Isto porque caí de tal forma que fui de cara ao chão. Bom, não cheguei a fazer isso porque coloquei as mãos antes e isso amparou todo o meu tronco.
Fiquei feliz ao perceber que os meus anos de treino fizeram com que o meu corpo soubesse como reagir, sem que eu tenha de pensar no que fazer. É este tipo de conhecimento que me interessa passar às pessoas. Dar-lhes ferramentas para que, devidamente internalizadas, permitam a defesa em situações como esta.
Assim, a mensagem que vos quero passar este mês é que invistam na criação desta consciência corpo-mente, que trabalhem o vosso equilíbrio, seja com tai-chi (o melhor que há para isso e já muito estudado pela Harward Medical School – vejam aqui este link: https://www.health.harvard.edu/staying-healthy/the-health-benefits-of-tai-chi).
As quedas são das principais causas de perda de saúde em adultos e por isso é tão importante prevenir. Deixo aqui também o link para a conferência de que vos falei. Vejam porque as dicas estão todas lá, vale a pena: https://www.youtube.com/watch?v=zdOjFNOkKZE&t=12s
Que julho seja o mês da longevidade com consciência e equilibrada.
Colunista:
Ana João Sepulveda
Expert em Economia da Longevidade e em Envelhecimento Sustentado
Presidente da Associação Age Friendly Portugal e Embaixadora da rede Aging 2.0
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