Minha pergunta é: cadê as mulheres que viviam nas cavernas que se sentavam em roda, que se olhavam nos olhos, que cuidavam umas das outras, dos filhos das outras, cuidavam da família uma das outras, que se protegiam, cuidavam do fogo, da sobrevivência, cuidavam da manutenção da vida?

O movimento da vida trouxe a “evolução”, cada família passou a ter sua própria casa, cada um passou a cuidar de si mesmo. As mulheres buscaram sua independência em todos os sentidos. Hoje donas de si, do seu corpo, das suas escolhas.

Com a evolução a mulher passou a ter direitos de extrema importância, conquistou seu lugar na sociedade, autonomia da vontade e garantia de direitos. O primeiro instrumento legal no Brasil a tratar da igualdade de gêneros de forma aprofundada foi a Constituição Federal de 1988, em vigência até os dias de hoje. Em 1995, passou a vigorar no Brasil a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, mais conhecida como Convenção de Belém do Pará, que foi o primeiro tratado internacional a conceituar e a criminalizar a violência contra as mulheres, que serviu de base para criação de outras leis de proteção a mulher como a Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha. Em 2015, foi promulgada a Lei do Feminicídio (n. 13.104/2015), que incluiu, no Código Penal, o feminicídio como um crime hediondo previsto na categoria de homicídio qualificado.

A evolução dos direitos da mulher na história do Brasil e do mundo vem sendo assegurada com tratados internacionais, promulgação de leis específicas e políticas públicas de proteção às mulheres.

O que trago de reflexão é como fica a proteção entre as próprias mulheres?

As leis evoluíram, os direitos da mulher se ampliaram, mas por outro lado, veio a separação. As mulheres saíram do lugar de cooperação para o lugar de competição. O olhar passou a ser exclusivamente para si própria e se perderam delas mesmas.

Na busca do resgate da identidade coletiva feminina criam conceitos tais como sororidade, um termo que propõe solidariedade e empatia entre as mulheres.

Mas infelizmente o que eu vejo é que muito se fala e pouco se faz. Vemos mulheres julgando mal mulheres, mulheres, passando por cima de outras mulheres, mulheres traindo mulheres em todos os níveis seja de amizade, lealdade, profissional, relacionamentos amorosos e até financeiro. Sabotam, manipulam, enganam. Até quando? A que preço? Muitas vezes pagando o preço de um vazio profundo e com enorme sentimento de solidão.

Que tal começar a honrar e proteger o feminino a partir de mim?

Grandes movimentos, eventos, campanhas e ações em prol das mulheres são muito importantes. As leis são necessárias e essenciais. Mas, movimento que reverbera é o diário, são os pequenos gestos, é o cuidar umas das outras, proteger, olhar com amor para outras mulheres, é aquele movimento feminino que passa a habitar em mim em todos os sentidos e começa a ser sentido, percebido por quem está a nossa volta. Um código de honra feminino interno que defende, protege e une a todas as mulheres.

Comece por você. Comece a cuidar da energia feminina que habita em você, comece aos poucos e no seu tempo amar completamente você. Comece a cuidar do seu corpo físico, mental e espiritual. Busque a beleza que habita em ser você. Olhe com amor para o feminino que te deu a vida: sua mãe, uma mulher comum assim como nós com erros e acertos. Comece a experimentar olhar para outras mulheres também como filhas, com histórias que não são melhores e nem piores do que a minha, mulheres comuns, com seus desafios, erros e acertos, fracassos e sucessos, dores e amores. Olhe sua humanidade e para humanidade das outras mulheres. Honre, aceite, defenda e acolha cada mulher. Dê um bom lugar no seu coração para o feminino que te habita e que habita as outras mulheres. Sinta a força que vem quando nos conectamos a nossa essência do sagrado feminino.

Sim!!!!! Somos mulheres e somos mais fortes quando olhamos com amor para nós e para todas.

Com amor

Rosemary Marostica.

Colunista:

Rosemary Marostica – advogada e terapeuta holística.
marostica.adv@gmail.com
rosemarymarostica@gmail.com

 Rosemary Marostica é filha de Alcides Marostica e Rozi Luiza Stoppa, brasileira, MÃE do Lorenzo. Se formou em direito em 2001, tendo concluído Pós Graduação em Direito Processual Civil e Pós Graduação em Direito Público. Conciliadora e Mediadora pelo Conselho Nacional de Justiça. Atualmente é professora de Constelação Familiar na Sociedade Brasileira de Direito Sistêmico, atua com direito humanizado que olha para o cliente de forma integral. Acredita em um direito leve,justo e eficaz.

Em 2009 iniciou estudos de autoconhecimento, espiritualidade e Práticas Integrativas. Realiza atendimentos sistêmicos e terapêuticos de constelação familiar e Iopt, Reike, Barras de Access, Movimentos Essenciais presenciais e online em todo Brasil e no Exterior.

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